
É uma doença infecciosa, micose sistêmica, causada pelo fungo leveduriforme Cryptococcus neoformans. Também conhecida por “Torulose”, “Blastomicose Européia” e “Doença de BusseBuschke”.
Ocorre no mundo todo, acomete mamíferos domésticos (gatos e cachorros, por exemplo), animais silvestres e o ser humano, causando alterações no trato respiratório e sistema nervoso central. A doença tem maior frequência em caninos e felinos.
O fungo desta doença tem seu modo de incubação desconhecido, está presente em frutas, mucosa oronasal de animais, pele de animais e seres humanos e, principalmente, no solo contaminado por fezes de aves (pombos são os principais), permanecendo viável por até dois anos ao acometimento cerebral.
Qual profissional devo procurar? Qual o diagnóstico?
O clínico geral e, para animais, o veterinário. O diagnóstico é feito através de observação clínica e de vários testes laboratoriais, que podem ser:
O diagnóstico definitivo é obtido com base na identificação do agente por citologia e cultura de fluídos corporais (exudato nasal e fluído cérebroespinhal), além de tecidos, pele, unhas e nódulos linfáticos.
Como identificar? Quais são os sintomas?
O fungo da criptococose possui tropismo pelo sistema nervoso central e se manifesta, geralmente, como meningite criptococócica (o sintoma mais grave) nos seres humanos, sendo que a principal responsável por esse fator é a queda da imunidade celular.
Porém, outros tecidos podem ser afetados, sendo que a resposta tecidual varia muito. Nos indivíduos que se encontram imunossuprimidos, geralmente há o crescimento de massas de consistência gelatinosa do fungo nos tecidos.
Nos animais, a ocorrência é similar a dos humanos, os mais afetados são os imunossuprimidos. Alguns fatores associados à criptococose em animais são: debilidade, desnutrição, uso prolongado de corticoides e algumas infecções virais.
Os sintomas da criptococose dividemse em 4 grupos de síndromes, que podem estar associadas ou isoladas em um mesmo indivíduo:
Síndrome respiratória
Esta síndrome ocorre com mais frequência em felinos domésticos, sendo observada nesses animais a formação de massas firmes ou pólipos no tecido subcutâneo, especialmente na região nasal (“nariz de palhaço” ); os cães podem apresentar tosse. Outros sintomas são:
Corrimento nasal (mucopurulento, seroso ou sanguinolento).
Dispneia inspiratória.
Espirros.
Estertores respiratórios.
Síndrome neurológica
O sistema nervoso central e os olhos são os mais afetados. Esta síndrome manifestase nos cães sob a forma de meningoencefalite, e os sintomas vão depender do local da lesão. Os sintomas são:
Depressão.
Desorientação.
Vocalização.
Diminuição da consciência.
Ataxia.
Andar em círculos.
Espasmos.
Paresia.
Paraplegia.
Convulsões.
Anisocoria.
Dilatação da pupila.
Diminuição da visão.
Cegueira.
Surdez.
Perda de olfato.
Síndrome ocular
Os sinais clínicos mais observados são: uveíte anterior, coriorrenite granulomatosa, hemorragia da retina, edema papilar, neurite óptica, midríase, fotofobia, blefarospasmo, opacidade da córnea, edema inflamatório da íris e/ou hifema e cegueira.
Síndrome cutânea
Acomete, especialmente, os felinos, sendo que as lesões de pele encontramse, principalmente, na cabeça e pescoço desses animais. Essas lesões correspondem a ulcerações, que podem ser no focinho, na língua, no palato, na gengiva, nos lábios e nas patas.
Em humanos, o sorotipo A é mais frequente no Brasil, sendo caracterizado pelo acentuado dermotropismo. Quando há criptococose sistêmica, as lesões na pele são observadas em 10% a 15% dos casos; a doença está relacionada diretamente à imunidade do paciente e pode ocorrer nas formas: pulmonar ou disseminada.
A criptococose cutânea primária é a mais rara, mas pode acontecer em casos de inoculação direta do fungo na pele. Entre os sintomas que acometem os humanos estão:
Corrimento nasal.
Confusão mental.
Dispnaia.
Dor de cabeça.
Dor no peito.
Espirros.
Febre.
Fraqueza.
Meningite (considerado o pior sintoma da criptococose).
Náuseas.
Nódulos pulmonares.
Rigidez na nuca.
Sensibilidade a luz.
Suor noturno.
Vômitos.
Em equinos e ovinos já foram descritos casos de criptococose cursando com alterações respiratórias como rinites, sinusites, granulomas e pólipos nasais ocluindo parcialmente a via respiratória.
Em equinos, casos de encefalite, meningites e aborto também já foram descritos. Em bovinos, a infecção por Cryptococcus spp está relacionada à mastite com tumefação do úbere e aumento dos linfonodos supramamários. Embora já tenha sido descrito um caso de meningoencefalite criptococócica em bovino.
Em seres humanos, a criptococose pode ocorrer na forma disseminada ou pulmonar:
Disseminada
Relacionase à ocorrência de meningoencefalite (ME) e ocorre em mais de 80% dos casos, seja na forma isolada ou associada ao acometimento pulmonar. A ME subaguda ou crônica causa comumente cefaléia occipital, inicialmente intermitente.
A ocorrência de febre é variável e com a progressão da doença ocorre redução ou perda da visão, hipertensão craniana e hidrocefalia. As lesões focais únicas ou múltiplas no SNC, simulando neoplasias, associadas ou não ao quadro meníngeo, são observadas no hospedeiro imunocompetente.
As manifestações ósseas ocorrem em 5% dos casos e atingem principalmente vértebras, pélvis, crânio e costela. Nas manifestações cutâneas ocorrem em 10%, apresentandose como pápulas, celulite ou ulcerações com drenagem de exsudato purulento rico em estruturas fúngicas.
Pulmonar
A segunda mais frequente após o acometimento do sistema nervoso central. O complexo primário pulmonarlinfonodo, à semelhança da tuberculose e da histoplasmose, pode ser assintomático e com potencial risco de disseminação em presença de imunodepressão.
A criptococose pulmonar regressiva é decorrente da infecção primária ou de reinfecção exógena, as quais normalmente passam desapercebidas, sendo diagnosticadas casualmente em exame histopatológico. A criptococose pulmonar progressiva é caracterizada pela presença de nódulos císticos repletos de leveduras e com mínima reação inflamatória do parênquima pulmonar.
Seus sintomas variam, inespecíficos e muitas vezes escasso, entretanto, podem ser observados: tosse, escarro mucóide e dor torácica.
O que causa?
A infecção ocorre pela via aerógena, através da inalação de esporos do fungo, que resulta em uma infecção primária do sistema respiratório, afetando principalmente a cavidade nasal. Após a infecção, o fungo pode espalharse através da circulação sanguínea ou linfática.
A patogenia causada pelo fungo vai depender de fatores divididos em dois grupos: o primeiro relacionado com as características do estabelecimento da infecção e capacitação de sobrevivência no hospedeiro, e o segundo relacionase aos fatores de virulência, refletindo no grau de patogenicidade.
Tratamento da Criptococose em humanos
Em pacientes imunocompetentes e imunocomprometidos em infecções disseminadas, utilizase a anfotericina B, juntamente com a 5flucitosna. Como remédios, o médico poderá indicar:
Como prevenir? É transmissível?
Não há registros de transmissão de animais para animais ou para homens. A principal fonte de transmissão desta doença é a população de pombos, assim, a melhor estratégia de prevenção é o seu controle.
Também evitando o contato direto com as fontes causadoras da doença, principalmente os pombos, alguns cuidados essenciais:
Evitar alimentar pombos.
Se houver necessidade de trabalhar com aves, utilizar máscaras e luvas;
Utilizar água e cloro para lavar as fezes dos pombos presentes nos locais em que se frequenta.
A criptococose atinge o mundo todo e ainda não existem medidas preventivas específicas, apenas atividades educativas relacionadas ao risco de infecção. Não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção de secreção e fômites devem ser as de uso hospitalar rotineiro.
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