Mock up of a front view of a shop

Eles estão por todos os lados, especialmente em áreas com grande oferta de alimentos, além de árvores e marquises que servem como dormitório e abrigo para seus ninhos. Dóceis, os pombos acabam atraindo a simpatia das pessoas que, muitas vezes, facilitam o acesso a alimentos e, com isso, vão se reproduzindo de uma maneira desordenada, podendo se transformar em um perigo para a saúde da população.

Entre atendimentos ambulatoriais de urgência e internações, o Hospital de Base registrou, de 2016 até o primeiro semestre de 2019, 224 atendimentos relacionados à criptococose, popularmente conhecida como doença do pombo. Desse total, cinco pessoas morreram, quatro delas em 2018 e uma em 2017. Quatro mortes foram causadas por criptococose cerebral.

“O criptococos é um fungo que se adapta muito bem às fezes dos pombos. Ele é um agente oportunista. Todos nós podemos entrar em contato com o criptococos e não ter problema nenhum, se o nosso sistema imunológico estiver bom. Mas indivíduos que tenham uma queda de imunidade, se entrarem em contato com o fungo, ele se multiplica e leva a infecções”, explica o infectologista Irineu Maia, coordenador do serviço de infectologia do Hospital de Base.

O criptococos contamina os humanos por meio da aspiração. Quando a pessoa é portadora do vírus HIV, toma muito corticoide, está com um estresse físico enorme ou qualquer outro fator que faça cair sua imunidade, o fundo se multiplica rapidamente, podendo causar sérias complicações. “Ele [o fungo] adora o sistema nervoso central e pode levar a um quadro mais comum que é uma meningite de evolução subaguda crônica e, muitas vezes, pode matar. Ele também pode dar pneumonia, lesão na pele e em vários órgãos”, completa o especialista.

O sintoma clássico mais comum é a dor de cabeça, que dura de uma semana a dez dias. Daí em diante, começam náuseas, vômitos, dores atrás dos olhos, tontura, distúrbios psiquiátricos com alteração de personalidade, sonolência, crise convulsiva. “Os sinais de acometimento do sistema nervoso são muito amplos e quase sempre acabam com uma dor de cabeça insuportável. Muitas vezes o indivíduo acha que é um quadro gripal, toma um analgésico e vai levando, e quando chega para nós, já está numa fase de evolução muito crônica”, alerta Irineu