Doença é causada por ácaro que vive em aves silvestres.
Saiba o que fazer se apresentar os sintomas.

Moradores de um condomínio no Bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza, enfrentam a infestação de pombos no local e adotam medidas para evitar que os animais entrem nas casas. A preocupação dos vizinhos, além da sujeira, é com a transmissão de doenças. A médica dermatologista Izayra Queiroz explica os sintomas e o tratamento de uma doença de pele provocada pelos pombos.

A doença é causada pelo piolho do pombo que, em contato com a pele, pode provocar vermelhidão, coceira e pequenos inchaços, semelhantes a picadas de mosquitos. “Piolho do pombo é um ácaro, que habita as aves silvestres, tanto pombo, pardal e outras aves. Ele transmite uma patologia chamada dermatozoonose, que é alergia a picada de inseto. Essas lesões são semelhantes à picada de formiga”, afirma a especialista.

“O paciente chega no nosso consultório com lesões às vezes disseminadas pelo corpo, às vezes localizadas, dependendo da quantidade de piolho que essa pessoa foi picada. Essas lesões causam intensa coceira, e elas ficam muito inchadas, vermelhas. Na maioria das vezes as pessoas que nos procuram no consultório chegam preocupadas porque chegam com lesões disseminadas, realmente. Pra identificar, você precisa pesquisar e interrogar o paciente, porque você não imagina que um pombo pode transmitir essa picadura”, indica a médica.

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Tratamento
Primeiro tratamento é preventivo, que é afastar o pombo das habitações. E procurar dermatologista para prescrever a medicação indicada. Nós podemos usar medicações orais, anti-histamínicas, pomadas dermatológicas, mas é interessante procurar o seu dermatolgoista, porque poderá ser semelhante a picada de outros insetos.

Outras doenças
no entanto, pombo também pode transmitir outras patologias mais graves através das fezes, que é a criptococose, doença causada por um fungo (criotococos) e causar até uma meningite. Outra patologia muito grave transmitida pelas fezes do pombo é a histoplasmose, porque as fezes desses pombos podem se contaminar por fungos e bactérias e isso transmitir essas patologias pela aspiração das fezes.

Problemas em condomínio
O sonho de morar em casa se tornou realidade para a advogada Aline Ximenes. O problema é que, quando ela se mudou, se deparou com uma infestação de pombos no condomínio. A maioria deles fica no telhado das casas e nas janelas.

Os pombos estavam incomodando tanto de uns tempos pra cá que a Aline colocou telas de galinheiro na varanda, mais resistentes que as telas comuns. Foi o jeito que ela encontrou para evitar que eles entrassem em casa.

“A primeira medida que eu tomei quando me mudei pra cá foi uma tela mais simples. Eu notei que eles tavam rasgando pra entrar novamente no forro. Então eu comprei a tela de galinheiro, por ser mais resistente e evitasse que eles rasgassem e entrassem no local”, diz.

Pelo menos 10 outros moradores do local reclamam do mesmo problema. “A minha preocupação maior com meus filhos é trazer doenças na pele, neurológicas, pulmonares, e realmente estou muito preocupada”, diz Aline.

Prefeitura alerta
O gerente da célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos, Nélio Morais, alerta para o problema de infestação de pombos nos meios urbanos, inclusive em Fortaleza. “O pombo encontra na cidade água, abrigo e alimento, tudo que ele necessita pra reproduzir-se intensamente e em uma escala sem controle”, diz.

Os danos, além dos problemas à saúde, afeta também os patrimônios públicos, já que as fezes ácidas dos animais corroem estátuas e outros materiais nos prédios. Outro problema são os riscos de acidentes aéreos. Nélio apontou o trabalho em conjunto com a Infraero que vem minimizando o número de pombos no Aeroporto de Fortaleza.

“Os pombos têm que buscar seu alimento de forma natural, tem que se alimentar de inseto, larva de inseto, floração de vegetais, e não outra alimentação, que inclusive faz encurtar a vida. É um erro alimentar os pombos. Nós temos que ter um equilíbrio, e esse equilíbrio natural, a busca natural do alimento, é que vai fazer a compensação desse processo”, ressalta.

Sobre como afugentar os animais, o gerente da Prefeitura cita que existem diferentes tipos de repelente no mercado. “São paliativos, mas ajudam. A própria naftalina muitas pessoas usam, ou meios físicos, que você possa impedir acesso, sobretudo arame farpado enovelados, porque eles necessita de uma plataforma fixa, base estável”, orienta. Outra atenção é quanto à higiene. “Tem que remover permanentemente essas fezes, mas com segurança, usando jatos d’água, máscaras, óculos e luvas”.